20/11/2024 | Por: LS NOTÍCIAS
Um aparecia muito como a cara do governo Jair Bolsonaro. O outro agia nos bastidores, mas também era do primeiro escalão. Os generais Walter Braga Netto e Mário Fernandes despontam em relatório da PF (Polícia Federal) como nomes que ligam os planos de assassinar autoridades e da tentativa de golpe para permanecer no poder.
Do relatório feito pela corporação saiu a prisão de Fernandes e mais quatro pessoas na Operação Contragolpe, na terça-feira (19). Todos são suspeitos de participação em uma trama para o assassinato do então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e do vice, Geraldo Alckmin, além do sequestro e execução do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
O próprio Moraes, vítima do suposto plano e responsável pelo caso no Supremo, decidiu pela operação da PF. Ela é continuação do inquérito que investiga uma “organização criminosa” suspeita de atuar em tentativa de golpe de Estado e abolição do estado democrático de direito após o resultado da eleição presidencial de 2022, segundo palavras de Moraes.
Supostamente, de acordo com a PF, o grupo usaria a vitória Lula contra Bolsonaro por uma pequena margem de votos no segundo turno para questionar a eleição e iniciar a operação do golpe.
As novas descobertas da PF descrevem as atuações do ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, general Braga Netto, e do general reformado Mário Fernandes, ex-secretário executivo da Secretaria-Geral da Presidência. E apertam o cerco contra o núcleo do governo Bolsonaro.
O documento da Polícia Federal enviado ao STF é direto ao afirmar que Bolsonaro, em dezembro de 2022, “estava naquele momento empenhado para consumação do golpe de Estado, tentando obter o apoio das Forças Armadas”.
Segundo a PF, o plano para matar as autoridades chegou a ser discutido na casa de Braga Netto, candidato a vice na chapa de Bolsonaro nas eleições 2022, em 12 de novembro de 2022. A força de segurança diz que na ocasião foi discutido o “planejamento operacional para a atuação dos ‘kids pretos’”, aprovado durante a reunião.
O documento debatido também colocava a necessidade de constituir um gabinete de crise para restabelecer “a legalidade e estabilidade institucional”, segundo relatório da PF. Além disso, Braga Netto assumiria a função de coordenador-geral de um hipotético “Gabinete Institucional de Gestão da Crise", caso a ruptura institucional ocorresse.
Kids pretos são os militares de alta performance em ações de grande impacto. A investigação da PF atribui a Braga Netto envolvimento direto com a ação de kids pretos mobilizados para a “Operação Punhal Verde e Amarelo”, plano apreendido com Mário Fernandes e que detalhava a estratégia para os assassinatos.
Em sua decisão em favor da Operação Contragolpe, Moraes se cita na terceira pessoa para afirmar que as “ações operacionais ilícitas" comandadas pelos militares tinham o objetivo, “inicialmente, de monitoramento de ministro desta Suprema Corte, para a execução de sua prisão ilegal e possível assassinato".
E o juiz continua afirmando que o planejamento dos homicídios de Lula e Alckmin contavam com a “finalidade de impedir a posse do governo legitimamente eleito e restringir o livre exercício da Democracia e do Poder judiciário brasileiro, tiveram seu auge a partir de novembro de 2022 e avançaram até o mês de dezembro do referido ano, como parte de plano para a consumação de um golpe de Estado, em uma operação denominada pelos investigados de ‘Copa 2022?, conforme apontado pela Polícia Federal".
Ao pedir autorização ao Supremo para colocar a Operação Contragolpe nas ruas, a Polícia Federal indicou possível indiciamento de Bolsonaro num relatório final do inquérito.
Quatro delegados da PF subscrevem a representação de 221 páginas encaminhada ao STF: Rodrigo Morais Fernandes (diretor de Inteligência da PF), Luciana Caires (chefe da Divisão de Contrainteligência), Elias Milhomens (coordenador de Contrainteligência) e Fábio Shor. Eles indicam categoricamente passagens sobre suposto envolvimento do ex-presidente com a trama golpista.
Entretanto, Moraes, em suas determinações e autorizações, não citou o ex-presidente.
Fonte: R7
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