O frei franciscano, Ivaldo Mendonça, que já morou em Teresina, foi uma das 100 primeiras pessoas a entrarem no funeral do papa Francisco, na manhã de ontem (23), na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Ele faz um relato emocionante ao Cidadeverde.com desse último adeus e revela como conseguiu chegar tão próximo ao papa. 

Frei Ivaldo contou que antes da morte do pontífice, o Vaticano tinha marcado uma audiência para que um grupo pudesse falar com a Santidade. Ele estava na lista para essa audiência. Como o frei já estava em Roma, ele se organizou com um grupo de piauienses e maranhenses para participar da despedida. 

“Tudo aconteceu de modo providencial, eu estava com um grupo que foi marcado há seis meses para a audiência com o papa. As coisas foram mudando de modo que quando o papa faleceu nos organizamos para participar de seu funeral. E chegamos cedo, sem tomar café, e fomos abençoados, pois na hora que terminou a liturgia, abriram a grade diante do local que estávamos e fomos colocados bem na frente, de modo que pudemos dar adeus ao papa Francisco”, contou o frei da ordem dos frades menores que morou entre 2007 e 2010 em Teresina na Cerâmica Cil, zona rural de Teresina, e no bairro Angelim. Atualmente ele faz mestrado em Roma e em dezembro retorna a capital piauiense para o Convento da Piçarra, na zona Sul da cidade. 

Para o frei, o papa Francisco deixa um legado de justiça social e libertação, que são destaques nas Conferências de Medellín (1968) e de Puebla (1979). 

“O papa Francisco significa uma grande revolução do espírito santo de Deus pelo que ele fez na nossa igreja. Ele encarnou o espírito do concílio Vaticano segundo, que para nós que somos fruto da América Latina das Conferências de Medellín e de Puebla, o pontífice conseguiu abrir esse espírito de ter uma relação saudável com a nova realidade do mundo, a fraternidade e pensar em um mundo mais justo, com responsabilidade e co-responsabilidade”, disse o frei que está em Assis, cidade italiana. 

"É difícil até descrever a emoção"

Para o grupo, foram momentos de grandes emoções. O Frei disse que é difícil até descrever. 

“É difícil até para a gente narrar o que estava sentindo porque era uma emoção muito forte para todos nós, não só para mim. E não tínhamos tanta consciência de como somos abençoados de estarmos ali compartilhando daquele momento de homenagem ao papa Francisco. Para mim foi um momento de despedir dele, de agradecer a Deus o papa que ele foi, momento de tristeza por ele não estar mais conosco, mas ao mesmo tempo de alegria porque Deus nos conduziu até ali com o pequeno grupo de piauienses e maranhenses de modo que pudemos dar o último adeus ao papa Francisco”, lembrou o frei.

Ele contou que um dos momentos mais marcantes foi durante a liturgia do translado do corpo do pontífice para a Basílica de São Pedro. 

“O momento foi de muita comoção, porque, de uma parte, a liturgia é muito solene, ao mesmo tempo muito tocante, muito triste, porque o sino começa a tocar no momento em que o corpo sai da capela da casa Santa Marta. O coro que canta dentro da Basílica de São Pedro se ouve, com perfeição, a voz do coro da Escola Cantorum em toda a praça. Todos os salmos cantados, que tocam profundamente o nosso coração e tudo é feito com muita dedicação, com muita serenidade, com muita devoção. Então, você olhava para um lado e para outro tinha pessoas chorando e tocou profundamente nossos corações”, contou o frei.

No segundo dia de visitação, a basílica foi reaberta pela manhã (2h de Brasília). Até o momento, mais de 50 mil pessoas já visitaram o local.

Fonte Cidade verde